Somos todos interdependentes
Nossas escolhas de mobilidade afetam a vida nas cidades, a saúde e o meio ambiente. Tudo o que fazemos irá refletir depois positiva ou negativamente.
No dia 19 de agosto, quando o céu da cidade de São Paulo se escureceu às 15h, devido ao encontro de uma frente fria e da poluição proveniente das queimadas amazônicas, todo mundo se assustou. Para o médico Paulo Saldiva, especialista em poluição atmosférica e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, esta foi uma lição coletiva de grande importância: “Foi a aula mais eloquente aplicada para vinte milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo. Eu espero sinceramente que isso se traduza em uma nova visão da necessidade de preservação de um ecossistema remoto, mas que afeta o nosso quintal. A nossa chuva depende de um ecossistema que está sendo fragilizado no momento. Tudo está interligado e somos interdependentes”.
Saldiva está coberto de razão. Há uma conexão clara entre tudo o que fazemos e o meio ambiente. Cada uma de nossas ações afeta diretamente a vida coletiva. Quando falamos da mobilidade urbana, isso também é muito claro. A nossa escolha diária de locomoção pode impactar positiva ou negativamente na qualidade de vida das cidades, na saúde das pessoas e no bem-estar geral, influenciando até no clima.
Metrópoles com frotas gigantescas de carros, como São Paulo, são verdadeiras “ilhas de calor” e têm índices de poluição perigosos. Na capital paulista, segundo dados do IEMA (Instituto de Energia e Meio Ambiente), os carros são responsáveis por 73% das emissões de gases que contribuem para o aumento do efeito estufa. Os ônibus, que rodam quase sempre a diesel, respondem por outros 24%.
Por isso, escolher o transporte coletivo e priorizar as caminhadas e a bicicleta, além dos modais elétricos (bicicleta, patinete, scooter e monociclo) são decisões inteligentes e que vão repercutir de forma positiva no dia a dia.
Com essas ações, não vamos apenas deixar um planeta melhor para as próximas gerações – o que é chamado de justiça entre gerações, um respeito pelas pessoas que virão –, mas vamos também viver melhor o presente, aproveitando a vida com mais saúde, prazer e respeito pelo próximo. Esse é o conceito da responsabilidade coletiva, um valor que leva à construção de sociedades mais humanas, igualitárias e felizes.