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Pro Coletivo

Mais lentos do que no século 19


Hoje, usando veículos com até 220 cavalos de potência mecânica, estamos desperdiçando mais tempo no ir e vir do que há 120 anos.

No final do século XIX e no início do século XX, a mobilidade nas principais cidades do mundo dependia muito mais da tração animal do que de veículos automotivos.

Charretes puxadas por um cavalo e carruagens tracionadas por dois ou até mesmo quatro cavalos ocupavam os leitos carroçáveis das cidades. Os veículos automotivos começavam a surgir no cenário urbano, onde bondes elétricos já faziam parte do cotidiano. Nesta época a velocidade média de deslocamento ficava em torno dos 20 km/h.

Londres no final do século 19

Atualmente a velocidade média de um carro, potente ou não, durante o horário de pico, é também de apenas 20 km/h. Em alguns casos pode ser ainda menor.

Naquela época as cidades eram significativamente menores, tanto em tamanho quanto em população. Assim, as distâncias médias percorridas também eram muito menores. Obviamente, se a velocidade média não aumentou, mas as distâncias sim, o tempo e a energia desperdiçados nos trajetos somente crescerem. E cresceram tanto que esse é um dos grandes impactos na qualidade de vida.

São Paulo no século 21

Por causa da centralização de serviços (empregos, hospitais, escolas e outros equipamentos urbanos nas regiões centrais) e a exclusão das periferias, a mobilidade urbana tornou-se um penoso processo, moroso e muito desgastante.

Também contribuem para isso a falta de planejamento e de investimento no sistema viário e a frenética verticalização dos bairros. O modelo de São Paulo vem sendo estupidamente replicado em outras cidades brasileiras: quarteirões inteiros de casas são demolidos repentinamente para dar lugar a torres e mais torres de edifícios residenciais e comerciais. E como esse processo ocorre sem que o sistema viário seja ampliado para ter mais calçadas, ciclovias e faixas de ônibus, as ruas se comportam como artérias entupidas de um organismo prestes a enfartar.

Para desobstruir as ruas e trazer saúde geral às cidades e às pessoas é preciso uma operação preventiva conjunta, com governos, empresários, incorporadores imobiliários e cidadãos, cada um fazendo a sua parte e todos pensando coletivamente e não por causa de seus interesses individuais.

Não adianta somente privatizar o lucro quando os prejuízos são sempre socializados. Utopia ou não, é um jeito de melhorarmos desde os tempos das carroças e charretes.

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