Todo poeta tem sua musa inspiradora
Musas. Quem são essas figuras mitológicas e encantadoras? O nome vem do grego
“mousa” – poema. Habitavam o templo de “Museion”, que deu origem à palavra
‘museu’, local onde se incentiva e preserva arte e ciência. Tinham a capacidade de
inspirar a criação em sua essência. Filhas de Mnemósine, a deusa da memória, e Zeus o pai dos
deuses.
Jardim Botânico
Eram nove: Calíope - deusa da Eloquência. Casou-se com Eagro, de quem teve Orfeu, o
célebre cantor da Trácia. Clio, deusa da História; Erato, deusa da poesia lírica; Euterpe,
deusa da Música; Melpômene, deusa da tragédia; Polímnia, deusa da música sacra; Tália,
deusa da comédia; Terpsícore, deusa da dança; e Urânia, deusa da Astronomia.
Ao se concentrar para escrever, seja nos papiros de outrora ou nos notebooks atuais, o
autor traça, em seu imaginário, uma viagem perfeita entre letras, linhas, parágrafos,
estrofes, versos em prosa. Compõe suas lembranças e narrativas inspirado em sua
musa. Algumas secretas, outras nem tanto. Algumas absolutamente declaradas.
Algumas tangíveis outras platônicas, mas, sempre a mais cristalina fonte de inspiração.
Morro Dois Irmãos e Pedra da Gávea
Vininha, nosso “Poetinha Maior”, teve várias: Helô Pinheiro, Tati, Regina Pederneiras,
Lila Bôscoli, Maria Lúcia Proença, para quem escreveu “Para viver um grande amor”,
Nelita, Cristina Gurjão, Gesse Gessy, Marta Ibañez, mas, com toda certeza, a mais
marcante, sua eterna musa, foi Gilda Mattoso. Pessoa encantadora de humor incrível.
“There never was a woman like Gilda”.
Quem foi Lígia, que tanto deixou Tom ir do semitom ao tom maior, que fez do poeta
eterno antagônico em música que a homenageia? Quem terá sido? Especulações não
faltam que seria Lygia Marina, ex-mulher de Fernando Sabino. Ou “Luíza”? Composta
para a novela “Brilhante”, terá sido mesmo a beleza exuberante de Vera Fischer sua
inspiração?
Em Copacabana, a estátua de Carlos Drummond de Andrade, feita por Leo Santana
Drummond tinha a Cidade Maravilhosa como sua inspiradora razão de escrever.
Rendeu poemas lindos: “Rio em Flor de Janeiro”. “A gente passa, a gente olha, a gente
para/e se extasia./Que aconteceu com esta cidade/da noite para o dia?/O Rio de
Janeiro virou flor...”. Nesta cidade do Rio/De dois milhões de habitantes/Estou sozinho
no quarto/Estou sozinho na América.../... Precisava de mulher/Que entrasse nesse
minuto,/Recebesse esse carinho/Salvasse do aniquilamento/Um minuto e um carinho
loucos/Que tenho para oferecer...” - A Bruxa.
Deusas do Theatro Municipal
Pablo Milanés, compôs "Yolanda" para sua companheira, Yolanda Benet. No dia do nascimento da filha Linn, ele não pôde estar presente. Viajara para um show. Trouxe na bagagem, dez dias depois, uma obra-prima, a pureza de uma ode ao amor sublime: “Esto no puede ser no más que una canción;/quisiera fuera una
declaración de amor,/romántica, sin reparar en formas tales/que pongan freno a lo que siento ahora a raudales./Te amo,/te amo,/eternamente, te amo(...) Yolanda”.
Yolanda, sua mais pura tradução para egéria.
O Cristo Redentor
E Chico, que cantou e encanta tantas mulheres; quem serão suas musas? Thaís Gulin,
para quem dedicou não uma música, mas um disco inteiro com “Essa Pequena”? Zuzu Angel,
para quem criou “Angélica” ou para a “Morena, dos olhos d’água, tira os seus olhos do
mar./Vem ver que a vida ainda vale, o sorriso que eu tenho”? Seria a psicanalista Eleonora
Mendes Caldeira a “Morena, dos olhos d’água”, que foi gravada em 1967.
Mas quem serão Rita, Teresinha, Cecília, Carolina, Nina, Bia, Januária, Maria, Joana, Rosa,
Iracema, Bárbara, Ana... Quem será esta linda Ana que tanto encantou o poeta?
Praia de Ipanema
O poema de Evan do Carmo ‘vê,’ assim, aquela que nos seduz em acalantos em estro:
“...O poeta é quem sonha, quem delira/quem canta ao desconhecido enigma/que
incredulamente e inconstante/lhe obriga a escrever o que não poderia.”
Fantástico foi o dia em que, num momento sublime, a musa se descobre inspiração para o
velho poeta.
Musa é teu nome; escrevo!